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Familia Acanthuridae

Enviado: 02 Jun 2012, 16:17
por Celso Suguimoto
Os Nossos Melhores «Cirurgiões»
- Texto de Joao Cotter publicado com autorização

Fomos procurar os melhores cirurgiões, não aos hospitais e clínicas mas sim aos recifes e aquários de água salgada. Uma bela família de peixes que não deixa ninguém indiferente.

Traços distintivos desta família
A família dos Cirurgiões ou acanturídeos (Acanthuridae) encontra-se representada por pelo menos 72 espécies facilmente reconhecidas pelas lâminas (ou bisturis) que possuem na base da barbatana caudal. Em algumas espécies, estas lâminas projectam-se para fora quando necessário (no caso de disputas territoriais e para defesa) como se de facas de ponta e mola se tratassem; enquanto noutras espécies, as ditas lâminas são fixas. Outra característica distintiva é o formato do corpo que evidencia um perfil elevado, de forma oval e achatada. As escamas terminam geralmente numa pequena protuberância, dando uma sensação áspera ao toque.
Apesar de não ocorrerem alterações significativas de cores entre a idade juvenil e adulta na maioria das espécies, existem algumas excepções, como o caso do Cirurgião Azul das Caraíbas (Acanthurus coeruleus), que passa por uma fase amarela quando juvenil.
Embora as diferenças exteriores entre os sexos sejam, de uma forma geral, raras, é possível notar algum escurecimento das cores do macho durante o acasalamento. O tamanho também não é um indicador de confiança para determinação do sexo, já que nem sempre os machos são maiores do que as fêmeas.
As espécies que compõem esta família encontram-se em todos os mares tropicais, principalmente em zonas de recife, se bem que algumas prefiram nadar em mar aberto. Com efeito, alguns Cirurgiões que habitam em mar alto chegam a atingir dimensões superiores a meio metro, porém, obviamente, essas não são espécies apropriadas para o aquário doméstico.
Em termos gerais, os cirurgiões são peixes exigentes no que respeita à qualidade da água em comparação com muitas outras famílias de peixes marinhos tropicais, requerendo elevados níveis de oxigenação, pelo que há que ter este facto em consideração aquando da sua introdução num aquário.

A origem do nome vulgar Cirurgião
deve-se ao espinho existente na base da
barbatana caudal, muitas vezes denominado
de bisturi, utensílio utilizado pelos médicos-cirurgiões.

Alimentação
Uma questão importante a considerar é que praticamente todas as espécies de Cirurgiões são herbívoras, ou seja, ingerem fundamentalmente matéria vegetal, alimentando-se de algas no seu habitat natural. Em cativeiro, estes animais necessitam de ser alimentados várias vezes por dia caso haja um crescimento insuficiente de algas no aquário. De facto, os espécimes mais novos crescem muito rapidamente e morrerão à fome se não tiverem acesso a alimento com muita frequência. Apesar de não sobreviverem sem matéria vegetal, algumas das espécies em cativeiro aceitam de bom grado outro tipo de alimentos congelados, granulados ou mesmo em flocos.

Comportamento
Os Cirurgiões que geralmente possuímos nos nossos aquários domésticos vivem, no seu habitat natural, em cardumes nas zonas de recifes de coral. Contudo, no aquário, renunciam a esta tendência gregária e entram em disputas entre si, a não ser que disponham de um ambiente bastante espaçoso. Espécimes já estabelecidos geralmente não toleram novos peixes introduzidos no aquário, principalmente se forem da mesma família e pior ainda se forem da mesma espécie. Quanto maior a similaridade do tamanho do peixe introduzido, maior será a agressividade demonstrada. Espécimes jovens, cujos «bisturis» são, felizmente, menos perigosos que os dos adultos, desencadeiam movimentos ameaçadores contra recém-chegados, mas, geralmente, estas demonstrações são muito curtas e pouco perigosas. A fim de minorar os problemas de convivência, na medida do possível, os membros desta família devem ser introduzidos em simultâneo no aquário, evitando-se sempre repetir espécies ou colocar espécies de coloração e formato semelhantes.
Todos os membros desta família são, de uma forma geral, susceptíveis aos parasitas dos pontos brancos - Oodinium e Cryptocaryon irritans - especialmente quando a água não tem a qualidade mais desejável. Infelizmente, os medicamentos à base de cobre que são utilizados para tratar tais infecções não são tolerados em aquários de recife, o que obriga a colocar estes peixes em aquários sem invertebrados para que possam ser devidamente tratados. Alguns equipamentos, tais como UV’s e ozonizadores, reduzem substancialmente a população destes parasitas que se encontram em suspensão no aquário, minorando assim os riscos de contaminação destes peixes.

Diversidade de espécies
Esta família contém alguns dos peixes mais populares e desejados pela maioria dos aquariofilistas de água salgada. As suas cores intensas e variadas, as suas formas e o seu comportamento tornam estes peixes bastante cobiçados e atraentes no aquário. Assim optámos por eleger algumas espécies como as mais adequadas ao aquário. Parte dos peixes que identificámos não coexistem pacificamente, a não ser que disponham de um ambiente de grandes dimensões, pelo que o leitor terá de fazer a sua própria selecção antes de pensar em adquirir algum espécimen. Alertamos ainda para o facto de que, sempre que é introduzido algum Cirurgião, o aquário deverá estar maturamente estabelecido e, de preferência, sem vestígios de nitratos e com um nível de oxigénio dissolvido de cerca de 6-7 ppm. A luz intensa é também um factor aconselhável.