Coloração de Corais
Enviado: 24 Abr 2010, 09:53
Coloração de Corais
Corais com cores exuberantes... Esse é um dos grandes objetivos dos aquaristas de sistemas marinhos, principalmente os que têm paixão por SPS´s.
Para se ter sucesso na obtenção desse tão almejado resultado, é necessário entender sob quais pilares está fundamentada a criação desses pigmentos de coloração dos corais.
Na grande maioria dos corais SPS´s, que são corais que habitam as posições mais altas nos recifes, com maior incidência de luz, a pigmentação tem a função de proteger o animal dos raios ultravioleta.
Os pilares para a pigmentação dos corais são os seguintes:
- Iluminação
- Qualidade da Água
- Alimentação
- Presença de Elementos para a formação da pigmentação
Iluminação:
De nada adianta querer ter SPS´s coloridos se não for oferecida iluminação de qualidade, que emita radiação ultravioleta. Os raios ultravioleta são divididos em 3 faixas, sendo UV-A, UV-B e UV-C. Os vidros das lâmpadas ou dos refletores de HQI barram as radiações UV-B e UV-C, que são nocivas para organismos vivos, mas deixa passar a radiação UV-A, que é então responsável pela necessidade do coral criar os pigmentos de proteção.
Para iluminação, o recomendado até o conhecimento que se tem no momento, é a utilização de HQI´s ou T5.
Qualidade da água:
Esse é um dos principais fatores. O que se busca nesse pilar é a obtenção de água de qualidade semelhante í água do mar.
Os parâmetros da água do mar são os seguintes:
- Fosfato indetectável
- Nitrato indetectável
- Cálcio = 410 a 430 mg/l
- Alcalinidade = 6 a 7 dKH
- Potássio = 380 mg/l
- Magnésio = 1200 a 1300 mg/l
- Densidade = 1025 a 1026
Parâmetros como Cálcio, Potássio, Magnésio e a Alcalinidade são facilmente corrigidos com produtos comercialmente existentes nas lojas de aquarismo ou nos locais onde podemos comprar produtos químicos. Mas, com relação ao nitrato e ao fosfato, não é tão simples assim...
Como obter nitrato e fosfato indetectáveis?
Após alguns anos usando o método zeovit, que atualmente tem dificuldades de ser encontrado no Brasil, faço aqui uma proposta de como utilizar produtos alternativos que podem trazer um resultado semelhante.
Esses produtos semelhantes são:
- zeolitos (qualquer marca existente)
- Bactérias (Prodibio Biodigest, por exemplo)
- Alimento para bactérias (vodka)
Zeolitos:
São pedras vulcânicas que tem propriedade de atração de amônia, de forma que será um local no qual as bactérias vão se fixar facilmente para decompor esse elemento. Para cada 400 litros de água do aquário, deve ser utilizado 1 litro de zeolitos. Essas “pedrinhas” devem ser colocadas no sump, preferencialmente dentro de um filtro de zeolitos. Uma bomba deve ser utilizada para forçar o fluxo de água de baixo para cima, para garantir que todas as pedras fiquem submersas. A vazão da bomba deve ser de aproximadamente 400 litros por hora para cada litro de zeolito.
O fluxo de água no filtro de zeolito deve ser ligado e desligado a cada 3 horas, por isso a bomba deve estar ligada em um timer. O objetivo aqui é simples: A amônia é aprisionada pelas pedras. Bactérias vão decompor esse elemento em nitrito e nitrato. Ao se desligar o fluxo, as bactérias terão falta de oxigênio e passarão a decompor o nitrato, completando dessa forma o ciclo do nitrogênio.
Você pode fazer um filtro de zeolitos caseiro usando tubos de PVC e um ralo de plástico de banheiro. Veja como eu fiz o meu primeiro filtro de zeolitos:
Depois adquiri um de acrílico:
Bactérias:
Um dos grandes problemas para quem usa o método da vodka somente é a proliferação de uma monocultura de bactérias. Uma sepa acaba se instalando e dominando sobre as outras. Com a diminuição de sepas diferentes, os diferentes processos de decomposição que elas deveriam fazer ficam comprometidos.
Para se evitar a proliferação de monocultura de bactérias, é necessário utilizar produtos que contenham diferentes sepas de bactérias. Nesse caso, devem-se colocar as bactérias periodicamente no aquário conforme indicação do fabricante. As bactérias da Prodibio (Biodigest) são uma boa opção.
Vodka:
Para que as bactérias sejam alimentadas, pode ser utilizada vodka. A proporção recomendada aqui é a seguinte:
Primeira semana:
- primeiros 3 dias: 0,1 ml para cada 100 litros de água do aquário
- próximos 4 dias: 0,2 ml para cada 100 litros de água do aquário
Segunda semana:
- Aumentar a dose em 0,5 ml e aplicar todos os dias
Terceira semana:
- Aumentar a dose em 0,5 ml e aplicar todos os dias.
Quarta semana em diante:
- Aumentar a dose em 0,5 ml e manter essa dosagem.
Como as bactérias recebem a alimentação, elas conseguem proliferar. Ao se multiplicarem, consomem fosfato do aquário. Além disso, como conseguem fazer o ciclo de redução do nitrogênio completamente, ficamos com menor concentração de nitrato.
Antes de iniciar esse processo, é interessante medir o nitrato e fosfato e acompanhar sua redução semanalmente.
Alimentação:
Os corais possuem algas em seus tecidos que são chamadas de zooxantelas. Na natureza, a quantidade dessas algas é relativamente mais baixa do que encontramos nos aquários marinhos. Como as algas zooxantelas são marrons, explica-se o porquê corais nos ambientes dos aquários geramente são mais escuros do que os encontrados na natureza. As zooxantelas se beneficiam do fato da concentração de nitrato e fosfato serem abundantes e por isso conseguem se multiplicar, cobrindo a “verdadeira” cor dos corais.
Essas pequeninas algas são responsáveis por boa parte da alimentação dos corais. Nos aquários, esse tipo de alimentação passa a ser predominante. As outras formas de alimentação, que são absorção de alimentos diretamente ou captura de plâncton passam a ser quase inexistentes nos aquários.
Ao utilizar bactérias + vodka, teremos uma menor concentração de nitrato e fosfato, o que vai levar a uma redução da quantidade de zooxantelas. Quando isso ocorre, os corais ficam com cores mais pálidas. Nesse momento, é necessário fornecer alimentação extra aos corais. Oferecer plâncton é bastante difícil, por isso ficamos com a opção de fornecer elementos que possam ser absorvidos diretamente pelos corais, que são os aminoácidos.
Aminoácidos podem ser adquiridos facilmente nas lojas do ramo.
Importante é salientar que os corais somente devem começar a receber aminoácidos quando ficarem com o aspecto mais pálido, como comentado acima.
Presença de Elementos para a formação da pigmentação:
Como as zooxantelas cobriam parte da coloração do coral, não havia antes necessidade de produzir elementos para proteger da radiação ultravioleta. Agora, sem essa camada extra de algas, os corais precisam se proteger.
Para a formação desses pigmentos de proteção, que são os responsáveis pelas cores exuberantes dos corais, são necessários praticamente todos os elementos químicos existentes na água do mar.
Com o conhecimento atual que temos, sabemos que alguns elementos químicos tem maior produção de determinados pigmentos de cor.
Iodo está associado com a coloração azul e roxa dos corais;
Ferro tem participação na formação da pigmentação verde;
Bromo colabora com a coloração vermelha e rosa.
Normalmente quando o aquarista tem a TPA em dia, não é necessário se preocupar com a adição demasiada desses elementos.
Se os quatro pilares são respeitados, os corais passarão a exibir sua coloração. De nada adianta ter boa iluminação sem qualidade de água. Da mesma forma, não adianta ter iluminação ótima, qualidade da água excelente e elementos existentes na água se o coral está passando fome. Sem boa alimentação, ele não vai utilizar os elementos que estão disponíveis.
Espero que essas dicas possam ajudá-lo.
Abraço.
Corais com cores exuberantes... Esse é um dos grandes objetivos dos aquaristas de sistemas marinhos, principalmente os que têm paixão por SPS´s.
Para se ter sucesso na obtenção desse tão almejado resultado, é necessário entender sob quais pilares está fundamentada a criação desses pigmentos de coloração dos corais.
Na grande maioria dos corais SPS´s, que são corais que habitam as posições mais altas nos recifes, com maior incidência de luz, a pigmentação tem a função de proteger o animal dos raios ultravioleta.
Os pilares para a pigmentação dos corais são os seguintes:
- Iluminação
- Qualidade da Água
- Alimentação
- Presença de Elementos para a formação da pigmentação
Iluminação:
De nada adianta querer ter SPS´s coloridos se não for oferecida iluminação de qualidade, que emita radiação ultravioleta. Os raios ultravioleta são divididos em 3 faixas, sendo UV-A, UV-B e UV-C. Os vidros das lâmpadas ou dos refletores de HQI barram as radiações UV-B e UV-C, que são nocivas para organismos vivos, mas deixa passar a radiação UV-A, que é então responsável pela necessidade do coral criar os pigmentos de proteção.
Para iluminação, o recomendado até o conhecimento que se tem no momento, é a utilização de HQI´s ou T5.
Qualidade da água:
Esse é um dos principais fatores. O que se busca nesse pilar é a obtenção de água de qualidade semelhante í água do mar.
Os parâmetros da água do mar são os seguintes:
- Fosfato indetectável
- Nitrato indetectável
- Cálcio = 410 a 430 mg/l
- Alcalinidade = 6 a 7 dKH
- Potássio = 380 mg/l
- Magnésio = 1200 a 1300 mg/l
- Densidade = 1025 a 1026
Parâmetros como Cálcio, Potássio, Magnésio e a Alcalinidade são facilmente corrigidos com produtos comercialmente existentes nas lojas de aquarismo ou nos locais onde podemos comprar produtos químicos. Mas, com relação ao nitrato e ao fosfato, não é tão simples assim...
Como obter nitrato e fosfato indetectáveis?
Após alguns anos usando o método zeovit, que atualmente tem dificuldades de ser encontrado no Brasil, faço aqui uma proposta de como utilizar produtos alternativos que podem trazer um resultado semelhante.
Esses produtos semelhantes são:
- zeolitos (qualquer marca existente)
- Bactérias (Prodibio Biodigest, por exemplo)
- Alimento para bactérias (vodka)
Zeolitos:
São pedras vulcânicas que tem propriedade de atração de amônia, de forma que será um local no qual as bactérias vão se fixar facilmente para decompor esse elemento. Para cada 400 litros de água do aquário, deve ser utilizado 1 litro de zeolitos. Essas “pedrinhas” devem ser colocadas no sump, preferencialmente dentro de um filtro de zeolitos. Uma bomba deve ser utilizada para forçar o fluxo de água de baixo para cima, para garantir que todas as pedras fiquem submersas. A vazão da bomba deve ser de aproximadamente 400 litros por hora para cada litro de zeolito.
O fluxo de água no filtro de zeolito deve ser ligado e desligado a cada 3 horas, por isso a bomba deve estar ligada em um timer. O objetivo aqui é simples: A amônia é aprisionada pelas pedras. Bactérias vão decompor esse elemento em nitrito e nitrato. Ao se desligar o fluxo, as bactérias terão falta de oxigênio e passarão a decompor o nitrato, completando dessa forma o ciclo do nitrogênio.
Você pode fazer um filtro de zeolitos caseiro usando tubos de PVC e um ralo de plástico de banheiro. Veja como eu fiz o meu primeiro filtro de zeolitos:
Depois adquiri um de acrílico:
Bactérias:
Um dos grandes problemas para quem usa o método da vodka somente é a proliferação de uma monocultura de bactérias. Uma sepa acaba se instalando e dominando sobre as outras. Com a diminuição de sepas diferentes, os diferentes processos de decomposição que elas deveriam fazer ficam comprometidos.
Para se evitar a proliferação de monocultura de bactérias, é necessário utilizar produtos que contenham diferentes sepas de bactérias. Nesse caso, devem-se colocar as bactérias periodicamente no aquário conforme indicação do fabricante. As bactérias da Prodibio (Biodigest) são uma boa opção.
Vodka:
Para que as bactérias sejam alimentadas, pode ser utilizada vodka. A proporção recomendada aqui é a seguinte:
Primeira semana:
- primeiros 3 dias: 0,1 ml para cada 100 litros de água do aquário
- próximos 4 dias: 0,2 ml para cada 100 litros de água do aquário
Segunda semana:
- Aumentar a dose em 0,5 ml e aplicar todos os dias
Terceira semana:
- Aumentar a dose em 0,5 ml e aplicar todos os dias.
Quarta semana em diante:
- Aumentar a dose em 0,5 ml e manter essa dosagem.
Como as bactérias recebem a alimentação, elas conseguem proliferar. Ao se multiplicarem, consomem fosfato do aquário. Além disso, como conseguem fazer o ciclo de redução do nitrogênio completamente, ficamos com menor concentração de nitrato.
Antes de iniciar esse processo, é interessante medir o nitrato e fosfato e acompanhar sua redução semanalmente.
Alimentação:
Os corais possuem algas em seus tecidos que são chamadas de zooxantelas. Na natureza, a quantidade dessas algas é relativamente mais baixa do que encontramos nos aquários marinhos. Como as algas zooxantelas são marrons, explica-se o porquê corais nos ambientes dos aquários geramente são mais escuros do que os encontrados na natureza. As zooxantelas se beneficiam do fato da concentração de nitrato e fosfato serem abundantes e por isso conseguem se multiplicar, cobrindo a “verdadeira” cor dos corais.
Essas pequeninas algas são responsáveis por boa parte da alimentação dos corais. Nos aquários, esse tipo de alimentação passa a ser predominante. As outras formas de alimentação, que são absorção de alimentos diretamente ou captura de plâncton passam a ser quase inexistentes nos aquários.
Ao utilizar bactérias + vodka, teremos uma menor concentração de nitrato e fosfato, o que vai levar a uma redução da quantidade de zooxantelas. Quando isso ocorre, os corais ficam com cores mais pálidas. Nesse momento, é necessário fornecer alimentação extra aos corais. Oferecer plâncton é bastante difícil, por isso ficamos com a opção de fornecer elementos que possam ser absorvidos diretamente pelos corais, que são os aminoácidos.
Aminoácidos podem ser adquiridos facilmente nas lojas do ramo.
Importante é salientar que os corais somente devem começar a receber aminoácidos quando ficarem com o aspecto mais pálido, como comentado acima.
Presença de Elementos para a formação da pigmentação:
Como as zooxantelas cobriam parte da coloração do coral, não havia antes necessidade de produzir elementos para proteger da radiação ultravioleta. Agora, sem essa camada extra de algas, os corais precisam se proteger.
Para a formação desses pigmentos de proteção, que são os responsáveis pelas cores exuberantes dos corais, são necessários praticamente todos os elementos químicos existentes na água do mar.
Com o conhecimento atual que temos, sabemos que alguns elementos químicos tem maior produção de determinados pigmentos de cor.
Iodo está associado com a coloração azul e roxa dos corais;
Ferro tem participação na formação da pigmentação verde;
Bromo colabora com a coloração vermelha e rosa.
Normalmente quando o aquarista tem a TPA em dia, não é necessário se preocupar com a adição demasiada desses elementos.
Se os quatro pilares são respeitados, os corais passarão a exibir sua coloração. De nada adianta ter boa iluminação sem qualidade de água. Da mesma forma, não adianta ter iluminação ótima, qualidade da água excelente e elementos existentes na água se o coral está passando fome. Sem boa alimentação, ele não vai utilizar os elementos que estão disponíveis.
Espero que essas dicas possam ajudá-lo.
Abraço.